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Alta do dólar: quem se beneficia?

Publicado 6 de junho de 2023.

Fala Swapers! Certamente vocês já ouviram falar em alta do dólar e seus impactos nos investimentos e no cotidiano. Mas você sabe realmente como essa dinâmica funciona? 

Leia até o final, pois neste artigo explicaremos como a alta do dólar em relação à moeda brasileira pode afetar desde as coisas mais simples, como o preço do pão, até as mais complexas como a atividade exportadora, o mercado financeiro e o PIB do Brasil.

O que é a alta do dólar?

O dólar americano é a moeda que movimenta a economia mundial, por isso a sua cotação é tão importante e afeta diferentes setores. Quando está em alta, o valor da moeda americana está valorizado frente ao real. Para entender porque o dólar sofre variações é importante saber que seu valor depende de dois modelos que definem a taxa de câmbio: o fixo e o flutuante.

O câmbio fixo é definido pelo governo, que estabelece um valor específico para as moedas estrangeiras e deixa o banco central elaborando movimentações financeiras, de forma que o valor fique dentro dos patamares estabelecidos.

Já o câmbio flutuante é determinado pela oferta e demanda de mercado; assim, com dólares sobrando, seu valor cai, assim como, quando muitos investidores adquirem a moeda, a cotação tende a subir, que é o modelo adotado pelo Brasil.

O que leva à alta do dólar? 

Embora o mercado internacional relacione muitas variáveis, veja  três dos principais   fatores associados à alta do dólar: a política de juros dos Estados Unidos e interna no Brasil, o desequilíbrio na balança comercial, e controle do mercado (câmbio flutuante sujo) .

O aumento dos juros pelo Federal Reserve Board, o Banco Central Norte-Americano, desempenha um papel importante na elevação do valor do dólar. Isso pode ser prejudicial para aqueles que possuem dívidas em bancos, mas é altamente vantajoso para investidores cujo dinheiro é valorizado. Quando os juros nos Estados Unidos aumentam, os investidores tendem a retirar seus recursos do Brasil e investir em moedas fortes que oferecem maior retorno. Isso resulta em uma valorização do dólar em relação ao real, pois a demanda por dólares aumenta, afetando sua cotação. Em contrapartida, os juros domésticos também exercem influência. Geralmente, quando há expectativa de aumento dos juros internos, a demanda por reais aumenta e o dólar tende a se desvalorizar devido ao regime de câmbio flutuante. Portanto, as mudanças nas taxas de juros são altamente sensíveis à cotação do dólar.

A balança comercial de um país, que representa a diferença entre o valor das exportações e o das importações, desempenha um papel significativo na flutuação do câmbio no Brasil. Quando a balança comercial é negativa, ou seja, quando o país importa mais do que exporta, isso pode contribuir para a valorização do dólar em relação ao real.

Quando há um déficit na balança comercial, significa que a demanda por produtos estrangeiros é maior do que a demanda por produtos nacionais. Isso leva a uma maior demanda por moeda estrangeira, como o dólar, para efetuar pagamentos pelas importações. Como resultado, a procura por dólares aumenta e a oferta de reais diminui no mercado de câmbio, o que pode levar a uma valorização do dólar em relação ao real.

A valorização do dólar pode ter efeitos tanto positivos quanto negativos na economia brasileira. Por um lado, pode tornar as importações mais caras, o que pode prejudicar empresas que dependem de insumos estrangeiros e consumidores que adquirem produtos importados. Por outro lado, pode beneficiar as exportações, uma vez que os produtos brasileiros se tornam relativamente mais baratos para os compradores estrangeiros. Isso pode impulsionar as exportações e, consequentemente, melhorar a balança comercial.

Além disso, o mercado de câmbio flutuante no Brasil também possui grande influência do Banco Central, fazendo com que em períodos de crise ou forte especulação contra o real, seja necessário que o governo brasileiro interfira para controlar o mercado, movimento chamado de flutuação suja do câmbio.

Além da balança comercial, é importante destacar que o mercado de câmbio flutuante no Brasil é fortemente influenciado pelo Banco Central, que desempenha um papel significativo na determinação da cotação do dólar. Em períodos de crise econômica ou quando há uma forte especulação contra o real, é comum que o governo brasileiro intervenha para controlar o mercado de câmbio. Esse tipo de intervenção é conhecido como “flutuação suja” do câmbio.

A flutuação suja do câmbio ocorre quando o Banco Central realiza operações no mercado de câmbio, comprando ou vendendo dólares para influenciar a cotação da moeda estrangeira em relação ao real. Essas intervenções têm como objetivo evitar movimentos bruscos e desordenados no mercado de câmbio, buscando estabilizar a moeda e mitigar os impactos negativos sobre a economia.

Quando há uma pressão excessiva sobre o real e uma desvalorização acentuada da moeda brasileira, o Banco Central pode intervir vendendo dólares para aumentar a oferta de moeda estrangeira e, assim, tentar conter a desvalorização do real. Por outro lado, em períodos de valorização excessiva do real, o Banco Central pode intervir comprando dólares e reduzindo a oferta no mercado, com o objetivo de frear a apreciação da moeda nacional.

Essas intervenções do Banco Central no mercado de câmbio visam, em última instância, promover a estabilidade financeira e evitar movimentos extremos no valor da moeda nacional. No entanto, é importante ressaltar que a flutuação suja do câmbio não é uma prática sustentável a longo prazo e que o ideal é buscar um equilíbrio entre as forças de mercado e a intervenção governamental.

Como a alta do dólar afeta a economia brasileira? 

A alta do dólar pode ter diversos impactos na economia brasileira, tanto positivos quanto negativos. Aqui estão algumas maneiras pelas quais a valorização do dólar pode afetar a economia do Brasil:

  • Importações mais caras: Com a alta do dólar, os produtos importados se tornam mais caros para os consumidores brasileiros. Isso pode afetar o custo de vida das pessoas e reduzir o poder de compra, especialmente de bens e serviços importados.
  • Inflação: A valorização do dólar pode ter um efeito inflacionário. Como muitos produtos consumidos no Brasil têm componentes importados, o aumento dos custos de importação pode levar a um aumento nos preços internos, o que pode contribuir para a inflação.
  • Exportações mais competitivas: Por outro lado, a alta do dólar pode tornar os produtos brasileiros mais competitivos no exterior, uma vez que eles se tornam relativamente mais baratos para os compradores estrangeiros. Isso pode impulsionar as exportações e beneficiar as indústrias exportadoras do país.
  • Turismo e serviços: A valorização do dólar pode desencorajar o turismo internacional, uma vez que as despesas em moeda estrangeira se tornam mais caras para os brasileiros. Além disso, os serviços que dependem de insumos ou tecnologias importadas, como empresas de tecnologia, podem enfrentar desafios adicionais de custos.
  • Investimentos estrangeiros: A alta do dólar pode influenciar os investimentos estrangeiros no Brasil. Por um lado, pode tornar os ativos brasileiros relativamente mais baratos para os investidores estrangeiros, o que pode atrair capital. Por outro lado, a volatilidade cambial e a incerteza podem fazer com que os investidores sejam mais cautelosos ao considerar o país como destino de investimentos.

É importante ressaltar que o impacto da alta do dólar na economia brasileira pode variar dependendo de outros fatores, como a competitividade do setor produtivo, a política monetária adotada pelo Banco Central, as condições globais do mercado financeiro e a estabilidade econômica e política do país.

Quem se beneficia com a alta do dólar?

A alta do dólar pode beneficiar alguns setores e agentes econômicos no contexto brasileiro. Embora haja impactos negativos na economia em geral, existem grupos específicos que podem tirar proveito dessa situação. Alguns dos principais beneficiados são:

Exportadores: A valorização do dólar torna os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional. Os exportadores se beneficiam com a capacidade de vender suas mercadorias a preços mais elevados em moeda estrangeira, aumentando sua receita e lucratividade.

Setor agrícola: O agronegócio brasileiro é um dos principais exportadores do país. Com a alta do dólar, os agricultores e produtores rurais podem obter melhores preços para suas commodities, como soja, carne e café, impulsionando suas exportações e gerando mais receita.

Empresas com receitas em dólar: Empresas brasileiras que têm uma parcela significativa de suas receitas em dólar podem se beneficiar com a alta da moeda americana. Isso ocorre especialmente em setores como aviação, turismo, mineração e petróleo, nos quais as transações são frequentemente realizadas em dólar.

Setor de tecnologia e serviços: Algumas empresas do setor de tecnologia e serviços que atuam globalmente podem se beneficiar da alta do dólar. O aumento do poder de compra em moeda estrangeira pode favorecer exportações de software, serviços de TI e outras soluções tecnológicas.

Investidores estrangeiros: Investidores estrangeiros que possuem recursos em dólar podem encontrar oportunidades vantajosas no Brasil. Com a moeda brasileira desvalorizada, os ativos locais se tornam mais baratos em termos de dólar, o que pode atrair investimentos estrangeiros em setores como imobiliário, ações e infraestrutura.

Em resumo, é importante ressaltar que, embora alguns agentes econômicos possam se beneficiar com a alta do dólar, os impactos negativos na economia em geral podem superar esses benefícios a longo prazo, pois ela afeta a economia brasileira de diversas formas, como aumento da inflação, redução das exportações, pressão sobre a dívida externa, impacto no turismo e possíveis dificuldades para atrair investimentos estrangeiros. É importante que as autoridades econômicas monitorem de perto esses efeitos e adotem medidas adequadas para mitigar as consequências negativas e impulsionar o crescimento econômico do país.

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